ESPECIAL: Viagens corporativas crescem 11% em vendas no primeiro trimestre

As viagens corporativas continuam registrando crescimento no mercado brasileiro. O turismo de negócios se tornou um fator importante para o crescimento da economia, impactando em diversos serviços diretamente atrelados às necessidades dos viajantes. As viagens deixaram de ter apenas a finalidade de lazer e passaram a servir também quem viaja a negócios. Este cenário pode ser analisado em pesquisas do setor.

Números divulgados pela Associação Brasileira de Agências de Viagens Corporativas (Abracorp) mostram que as vendas de viagens corporativas aumentaram 11,1% no primeiro trimestre, em comparação com o mesmo período do ano passado. O volume corresponde a uma oscilação de R$ 2,29 bilhões para R$ 2,54 bilhões - aumento de R$ 255 milhões no faturamento.

Os resultados positivos foram puxados pelo desempenho do aéreo e da hotelaria nacionais, que continuam sendo os dois principais insumos quando se fala em viagem. Juntos os dois segmentos correspondem a 60% do valor monetário faturado, com R$ 1,45 bilhões. No primeiro trimestre, o aéreo nacional cresceu 11,3% e a hotelaria nacional 35,7%.

A hotelaria internacional subiu 31,3%. A locação de automóveis também começa a despontar, ainda que timidamente no montante faturado, crescendo 39,2% no nacional (de R$ 27,6 mi para R$ 38,5 mi) e 25,9% no internacional (de R$ 5,8 mi para R$ 7,3 mi). O maior salto percentual foi no segmento Seguro Viagem Nacional, 131,1%.

De acordo com o presidente da Abracorp, Carlos Prado, as expectativas do setor foram superadas. "Qualquer resultado indicativo acima de um dígito é extremamente positivo. E todos esperamos que essa performance se mantenha. Talvez o 2º trimestre apresente queda no desempenho geral, mas caso isso ocorra, é perfeitamente compreensível. Tradicionalmente, nossa indústria alcança deslanche maior no 2º semestre", analisa.

Ele também destaca que as viagens são reflexo direto da dinâmica econômica. Quando a economia vai bem, as viagens acontecem. E quando vai mal, as viagens se retraem. Apesar do começo positivo, o setor aguarda a estabilização da economia para continuar crescendo. "Passada essa fase de ajustes do novo governo, acreditamos que o Brasil retome o caminho do crescimento. Afinal, queiramos ou não, os negócios não podem parar", afirma.

 

VARIAÇÃO CAMBIAL MOTIVA QUEDA NO PLANO INTERNACIONAL

Os maiores declínios percentuais ocorreram com os segmentos de Cruzeiros Internacionais (-74,7%) e Pacotes de Viagem Internacional (-48,8%). O aéreo internacional representa o segundo maior valor agregado dos segmentos analisados, mas teve queda de 4,1%, recuando de R$ 689,7 mi para R$ 661,2 mi. A variação cambial, com o dólar em alta, foi o principal indicador apontado para os resultados negativos.

"Sabemos que não é apenas a passagem aérea, mas também o consumo é em moeda estrangeira. Logo, o viajante brasileiro toma uma precaução maior, quando se fala de gastos no exterior, principalmente em viagens. Além disso, se a despesa é feita no cartão de crédito, há mais 6,6% de tributação (IOF). O comportamento do dólar, em ritmo de alta, assusta o consumidor, de um modo geral. Em contrapartida, isso favorece o turismo interno", avalia Carlos Prado.

 

SUDESTE MANTÉM HEGEMONIA NO MOVIMENTO DE VIAGENS

Dos 10 principais aeroportos em movimentação corporativa, seis estão na região Sudeste. São Paulo continua sendo o motor econômico do país. O presidente da Abracorp acredita que o desenvolvimento de hubs no Nordeste - especialmente em Fortaleza e Recife - é muito importante para a descentralização e consequente melhor distribuição econômica. No entanto, será necessário que as iniciativas público-privadas se movimentem para melhorar a infraestrutura e serviços.

A região Sul se posiciona logo atrás do Sudeste, com os aeroportos de Porto Alegre e Curitiba na lista dos mais importantes. "As indústrias automobilística e pesada têm presença forte e consolidada nesses estados. Já Santa Catarina desponta com polos de tecnologia. Isso é muito bom para o país como um todo. Descentraliza um pouco a produção de bens e serviços, com a criação de hubs econômicos", pontua Prado.

 

GOL LIDERA ENTRE COMPANHIAS AÉREAS

No primeiro trimestre, o segmento Aéreo Nacional obteve aumento de 11,3% no resultado financeiro e 8,8% na venda de bilhetes. Foram faturados R$ 1,07 bilhões e vendidos 1,5 milhão de bilhetes. A companhias Gol e Azul puxaram o resultado positivo, crescendo 28,5% e 13,6%, respectivamente. Em relação ao faturamento, a MAP apresentou leve acréscimo de 3%. Por outro lado, três companhias tiveram queda: LATAM (-4%), Avianca (-5,6%) e Passaredo (-34,3%). No market share nacional, a Gol liderou as vendas com 35,6%, seguida pela Azul (32,2%), LATAM (23,6%), Avianca (8,1%), MAP (0,2%) e Passaredo (0,2%).

 

ACCOR HOTELS DESPONTA NA HOTELARIA NACIONAL

O segmento da hotelaria nacional foi liderado pela Accor nos primeiros três meses, com um total de 303.556 room nights e aumento de 49% no faturamento. Na sequência estão a Atlantica, com 159.103 diárias e acréscimo de 44,7% nas vendas, e a Intercity, com 52.953 room nights e crescimento de 29,5% no faturamento. No total, o segmento apresentou crescimento de 35,7% nas vendas com o resultado financeiro de R$ 451,1 milhões.